RACISMO ESTRUTURAL E RACISMO REVERSO


Devido aos ataques racistas recebidos por jogadores da seleção brasileira, como Fernandinho e Gabriel Jesus, e o comentário de cunho racial do Youtuber Cocielo contra o jogador Mbappé da seleção francesa, é essencial debatermos e entender a importância do racismo estrutural e desconstruir o tão falado ‘’racismo reverso’’.  

O racismo estrutural é uma forma de racismo praticada pelas pessoas que geralmente passa despercebido, justamente por estar dentro da estrutura de uma sociedade. É quando se espera do homem ou da mulher negra um determinado discurso, uma determinada atitude, dentro de estereótipos, pelo simples fato de serem negros.

Esta forma de racismo estrutural pode ser vista quando a sociedade espera que a mulher negra seja por exemplo, a empregada doméstica, e que o homem negro seja o segurança, alto, forte e viril, e também pode ser representado pelas crianças ou adolescentes negros nas ruas, que são frequentemente apontados como assaltantes ou moradores de rua, o que é facilmente notado quando as pessoas guardam seus pertences ao se aproximarem desses perfis de jovens.

Também se trata de racismo estrutural quando a fala de um homem ou de uma mulher negra é menosprezada, ou quando estes têm a sua capacidade subestimada, quando é esperado que eles sejam analfabetos ou tenham pouco estudo, quando são assassinados por policiais, ou sujeitos à empregos de baixo nível hierárquico mesmo que tenham plena possibilidades de atingir graus maiores.

Todas essas formas de racismo são existentes em nossa sociedade e que infelizmente passam despercebidas. O exemplo que entra dentro deste contexto, é o comentário de cunho racial do Julio Cocielo contra o jogador Mbappé, no qual ele diz que o jogador negro da França teria talento para fazer arrastões na praia, e alguns outros comentários onde ele diz que ‘’já que é proibido fazer piadas contra negros a melhor solução seria exterminar todos’’.

Justamente por essa forma de racismo não ser tão perceptível, esses comentários levantam questões como ‘’se fosse com uma pessoa branca também seria racismo’’ ou ‘’se fosse com um branco vocês não estariam fazendo esse escândalo todo’’ e também ‘’negros são vitimistas’’.

                       

O primeiro de tudo, negros não são vitimistas, desigualdade racial não é vitimismo e sim um problema social. Chamar a sociedade negra de vitimista, quando na verdade existe uma luta por necessidades sociais dentro do apontamento dessas desigualdades existentes, só reafirma as questões do racismo estrutural descrito no início do texto, além de mostrar o quão egoísta são esses pensamentos ao menosprezarem as pautas raciais.

Agora entrando na questão do racismo contra brancos, mais conhecido como racismo reverso, é necessária uma abordagem simples, didática e histórica para desconstruirmos essa questão.

A pergunta a ser respondida é: Existe racismo contra brancos?

Bom, não existe racismo contra brancos, devido ao período colonial, no qual foi marcado por quase 300 anos de escravidão contra negros e índios, não contra brancos. Mesmo com a abolição da escravidão em 1888 aqui no Brasil, ainda temos um sistema opressor contra os negros, onde a sociedade negra vive à margem da sociedade, onde se submetem à empregos escassos ou de cargos mais baixos e maior marginalização. Os anos de escravidão descrevem hoje às quais classes sociais a maioria dos negros pertencem e a quais empregos eles estão sujeitos, por isso o racismo existe contra negros, não contra brancos.

Pessoas brancas não são mortas por serem confundidas por assaltantes pela polícia e também não são perseguidas em shoppings e lojas por seguranças. Pessoas brancas não recebem olhares estranhos por dirigirem carros importados ou ignoradas em lojas caras por vendedores que o discriminam como pobres pelo tom de pele.

‘’Para haver racismo reverso, deveria ter existido navios branqueiros, escravização por mais de 300 anos da população branca, negação de direitos a essa população’’ (RIBEIRO, 2014).

Além disso, é importante lembrar que o racismo é um sistema de opressão, no qual as pessoas brancas nunca passaram. Este é um sistema de opressão com relações de poder, onde os brancos têm o poder e os negros estão na situação de opressão, devido ao prejuízo histórico sofrido pelos anos de escravidão, e temos os vestígios dessa opressão contra a sociedade negra até hoje a partir do racismo, justamente por isso é errado afirmar que pessoas brancas sofrem racismo (RIBEIRO, 2018).

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