O MACHISMO EXACERBADO NO DIA DAS MÃES


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O dia das mães no Brasil, talvez seja um dos dias em que vemos o machismo de uma das formas mais exacerbadas, inclusive entre as mulheres. É o dia em que percebemos – pelos menos algumas pessoas conseguem perceber  como o machismo está intrínseco nas pessoas de todas as maneiras que somos capazes de imaginar.

Este é dia em que alimentamos o capitalismo, o dia em que temos alguns gastos a mais, principalmente, com o presente para mães. O presente, o simples presente em seu jeito de demonstrar carinho, gratidão e importância às mulheres, as mães, acaba sendo o meio no qual entregamos a ofensa, o machismo, e mostramos as mães qual é o seu devido lugar.

Entramos nas grandes lojas de eletrodomésticos, sejam físicas ou virtuais e nos impressionamos com a quantidade de produtos em promoção, mas, o absurdo é que nem todos os produtos entram para a promoção, a grande maioria destes produtos fazem ou tem correlação com a cozinha. São fogões, armários de cozinha, aparelhos de jantar, talheres, jogo de copos, liquidificador, jogo de panelas, panelas elétricas de fazer arroz, aspiradores de pó, e entre outros também entram na lista de mais vendidos nas grandes lojas de eletrodoméstico.

Mas, o que de fato fazemos para mudar a cultura machista que nos rodeia todos os dias de nossas vidas? Ou será que apenas a marginalizamos como algo ruim, assim como fazemos com as pessoas negras? A partir da questão de gênero, e também, da questão racial, podemos destacar a análise sociológica de Ângela Davis (1981, p.45) em seu livro Mulheres, Raça e Classe, no qual a autora diz que:

‘’[...] uma consequência ideológica do capitalismo industrial foi o desenvolvimento de uma ideia mais rigorosa de inferioridade feminina. De fato, parecia que quanto mais as tarefas domesticas das mulheres eram reduzidas, devido ao impacto da industrialização, mais intransigente se tornava a afirmação de que ‘o lugar da mulher é em casa’ (DAVIS. 1981, p. 45)’’

De fato, não podemos e nem somos capazes de afirmar que a questão da ‘inferioridade’ do gênero feminino é caracterizada a partir de nossas relações sociais, que são baseadas num sistema patriarcal desde em que nascemos, e que isso, consequentemente nos faz acreditar e aceitar o gênero feminino como inferior, quando na verdade as mulheres são tão capazes quanto os homens. Um exemplo disso é a relação de trabalho do homem negro e das mulheres negras, que eram submetidas ao mesmo tipo de serviço que os homens, como é apresentado por Ângela Davis em Mulheres, Raça e Classe:

‘’[...] no que dizia respeito ao trabalho, a força e a produtividade sob a ameaça do açoite eram mais relevantes do que questões relativas ao sexo. Nesse sentido, a opressão das mulheres era idêntica à dos homens.
Mas as mulheres também sofriam de forma diferente, porque eram vitimas de abuso sexual e outros maus-tratos bárbaros que só poderiam ser infligidos a elas (DAVIS. 1981, p.19)’’. 

A análise histórica sociológica de Davis nos dá abertura para questionar como as questões da mulher e principalmente da mulher negra vem sendo tratada na sociedade atual. Momentos específicos como o dia das mães, nos da o que precisamos para observar e perceber o quão machista e opressor nossa sociedade ainda é, e como essa cultura machista está intrínseca entre as pessoas, de maneira na qual somos quase incapazes de perceber.

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