Análise de Política Externa por três perspectivas diferentes
O sistema internacional
pré-1945, segundo autores clássicos das Relações Internacionais se comporta
potencialmente como uma tragédia dos comuns, a tragédia dos comuns é formulada
por David Holmes, sendo uma metáfora que descreve o resultado social da interação
de agentes racionais auto interessados na disputa de um bem comum sem a
presença de um ente supraindividual, implicando em um resultado sub-ótimo.
Um dos maiores exemplos de
tragédia dos comuns é a Primeira Guerra Mundial, onde todos os Estados perdem
politicamente, economicamente e socialmente, tendo como resultado o fim da Liga
das Nações culminando a eclosão da Segunda Grande Guerra.
Nos anos pós 1945 começa a
se consolidar no Sistema Internacional formas que contribuíram para a mudança
qualitativa do ambiente internacional antes da consolidação da disciplina de
Analise de Política Externa, onde de forma gradual a primeira onde de ideias do
modelo teórico neorrealista acredita na consolidação de um ambiente mais
estável a partir da presença de armamentos de destruição em massa. Na segunda
onda, agora por influência dos liberais, acreditava-se em um ambiente mais
estável à integração dos mercados após a Segunda Guerra. E por fim, a terceira
onda assume uma cultura transnacional, onde passa a ser cada vez mais
inaceitáveis disputas violentas em busca de quaisquer tipos de recursos dentro
do Sistema Internacional.
Com o início do Mundo
Bipolar, é nota-se que ambos os protagonistas do sistema não agem de acordo com
seus principais interesses, tanto Estados Unidos quanto a União Soviética agiam
de acordo com a própria sobrevivência do sistema bipolar. Logo, nota-se que a
manutenção do sistema bipolar era mais importante do que a existência dos
próprios Estados.
Todos estes acontecimentos
antecedem a consolidação da disciplina de Análise de Política Externa, que
segundo Hudson, o surgimento da disciplina ocorre com a simples probabilidade
de um surgimento de um mundo multipolar. O regime bipolar promove muito
constrangimento para o comportamento dos Estados no Sistema Internacional, mas
os incrementos das possibilidades de interação levam a uma redefinição meta
teórica dos Estudos das Relações Internacionais, levando a uma premissa da
separação dos planos domésticos e o plano internacional.
Para Hudson e Vore a
redefinição meta teórica ocorre com o surgimento e a consolidação da disciplina
de Análise de Política Externa, sendo uma fusão dos instrumentos metodológicos
desenvolvidos nas disciplinas de sociologia e ciências políticas. A disciplina
de Análise de Política Externa (APE) lida a política externa dos países como
uma política pública, logo, os mesmos
métodos e conceitos utilizados para compreender as outras políticas públicas
são utilizadas para estudar as políticas externas dos países, sendo a única
diferença que a Política Externa analisa as políticas de Estado e as políticas
Públicas analisam as políticas de Governo.
Ainda em Hudson e Vore,
existem três gerações que surgem e consolidam no cenário acadêmico a disciplina
de Análise de Política Externa. A primeira geração é voltada para a
consolidação conceitual da área, tendo como seus principais autores Richard,
Snider e Sprout, a primeira geração define as fronteiras ontológicas, a
estrutura conceitual que integra os elementos teóricos dos estudos das Relações
Internacionais. A segunda geração é voltada para a consolidação epistemológica
da APE, que tem como seus principais autores Rosenau, Charles e Margaret
Hermmann, onde é coletado informações de políticas externas, introduzido e
consolidado para um refinamento conceitual de modelos teóricos. A terceira
geração fala da consolidação meta-teórica que coincide com a evolução
ontometodológica, tendo como seus principais autores Robert Putnan e Walter
Carlsnaes, onde discute-se a natureza ontológica do processo de formação e
realização das preferencias dos agentes em política externa.
A primeira hipótese para o fim do mundo bipolar que o ato do Governo de
Ronald Reagan ter levado a corrida armamentista entre os países para o contexto
espacial levou a URSS a falência devida alto custo da disputa que representava
um quarto do PIB soviético e detrimento a 5% do PIB norte-americano. Já o
segundo ponto de vista para o fim do sistema bipolar coloca em xeque a
utilização dos recursos militares no modelo capitalista e no modelo socialista.
Enquanto no modelo capitalista existe a participação da iniciativa privada,
fazendo com que gere desenvolvimento social e econômico, no modelo socialista
esse processo não possível, fazendo com que gere pobreza e subdesenvolvimento
social. Na terceira e última hipótese é usado uma explicação pós-materialista,
que diz que a mudança cultural nos EUA e na URSS levando a uma evolução social
faz com que surja valores pós-materiais nestes países, fazendo com que a população
questione estruturas sociais, políticas e econômicas destes países.
Com o fim do mundo bipolar o modelo capitalista vigente nos Estados
Unidos varre praticamente todo o sistema internacional. Segundo Pierre Bourdieu
a interação dos mercados é feita de forma desigual, onde pessoas tendem a ficar
à margem de recursos de benefícios, por essa característica estrutural do modo
de produção capitalista, é criado os direitos civis, direitos políticos e
direitos sociais. A ideia de Direito Humanas também ganha força com o final da
Segunda Guerra Mundial, onde parte-se do pressuposto de que a sociedade
internacional tem responsabilidade pela vida e pela proteção dos humanos e dos
indivíduos.
Numa perspectiva estruturalista que combina o holismo metodológico com o
objetivismo epistemológico, os teóricos partem da premissa que os atores agem
de maneira regular no sistema internacional, com ações determinadas pelo
contexto do sistema, sendo assim podemos analisar os Direito Humanos como algo
determinado dentro do sistema que serviu para regular as relações dos países
para com o individuo no pós-segunda guerra mundial, como forma não só de
proteger os indivíduos mas também regular as ações de cada Estado.
A perspectiva baseada no agente, que combina o individualismo
metodológico e com objetivismo epistemológico, tem como premissa de que os
Estados agem de maneira regular no sistema internacional, de forma que suas
ações configuram o sistema. Nessa perspectiva os atores tomam suas decisões
baseadas no grau de importância do tema em questões de política externa, desta
forma, podemos destacar a adesão dos Direitos Humanos como uma estratégia de
Política Externa dos Estados com articulação das Organizações das Nações Unidas
como um dos meios de manter e assegurar a paz entre as Nações através da
cooperação, algo que não aconteceu antes e durante a Segunda Guerra Mundial.
Na perspectiva socioinstitucional que combina uma concepção holista
metodológica com uma postura
interpretacionista epistemológica, o contexto do sistema internacional define
as ações dos Estados, entretanto essas ações não são reguláveis. Nesse caso,
correlação ao Direitos Humanos, podemos dizer que a APE interpreta o que diante
do contexto internacional o que vai definir suas ações, podemos usar como
exemplo os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial que interviu na
Guerra que ate então era europeia por interpretar que a situação como caótica
para o mundo diante do contexto internacional da época.
E por fim, na perspectiva do autor temos uma postura individualista
metodológica com uma perspectiva interpretacionista epistemológica, onde as
ações são determinadas por variáveis subjetivas. Nesse caso podemos usar como
exemplo o Governo Trump diante dos Direitos Humanos, onde era um Governo que
utilizada de todo tipo de abordagem subjetiva existente para gerir suas
decisões, sendo abordagens unicamente interpretativas e individualistas de
acordo com a visão do próprio Presidente e não uma visão holística da nação no
qual o mesmo representava. Outro fato que comprova isso são as ações durante a
Pandemia onde os EUA passaram a ser em dado momento o foco da doença no mundo,
portanto, podemos incluir este caso como o melhor exemplo de análise para uma
abordagem da perspectiva do autor.
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