A GUERRA PELO CAPITAL CULTURAL



Aos que não leram A Elite do Atraso de Jessé Souza, meus pêsames, apesar que há alguns dias eu estaria dizendo meus pêsames aos que leram até descobrir que Jessé Souza, de fato, descreveu a sociedade brasileira em um livro de 200 páginas... 

Hoje é o vigésimo oitavo dia do governo Bolsonaro, e o Ministro da Educação Ricardo Vélez Rodrígues, aparentemente um lunático oriundo da elite brasileira afirmou que ‘’as universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual’’.

Quando terminei a Elite do Atraso, cheguei a conclusão de que um dos maiores motivos pelos quais estamos passando por uma crise política e econômica hoje é devido a luta da elite brasileira contra a emancipação do capital cultural às camadas mais baixas que foi iniciada a partir do Governo Lula.

O capital cultural é descrito por Jessé (2017, p. 54) da seguinte forma:

O capital cultural, por exemplo, que significa basicamente [...] capital fundamental para as chances de sucesso de qualquer um no mundo moderno. Isso porque o capital cultural é tão indispensável para a reprodução do capitalismo quanto o capital econômico. Não apenas a justificação do capitalismo é feita por elites que monopolizam certos tipos de capital cultural, mas também não existe nenhuma função de mercado ou no Estado que não exija capital cultural de algum tipo em alguma proporção.

Basicamente, o capital cultural nada mais é que todo o conhecimento que classes privilegiadas como a elite e classe média tem devido o seu poder econômico e usam ao seu favor como fonte de poder contra as classes mais baixas para reproduzir os seus próprios ideais. O ato da elite do dinheiro usar a mídia para propagar seus ideais para as classes mais baixas, é uma forma de usar o capital cultural como fonte de poder para articulação.

É descrito no livro de Jessé, que para continuar a propagar seus ideias, a elite cria a Universidade de São Paulo (USP) e usa a universidade para transmitir o liberalismo econômico e formar profissionais que futuramente irão disseminar seus ideais através do capital cultural adquirido. Jornalistas nas TVs, rádios e jornais impressos, economistas influenciadores e etc, são os grandes veículos de informações, principalmente os que tiveram sua formação dentro da Universidade de São Paulo, o berço da disseminação dos pensamentos da elite brasileira. 

Quando se cria uma universidade com o foco de propagar esse tipo de pensamento, quando se obriga professores da formação infantil fundamental a seguirem uma cartilha que afunila o conhecimento, faze-se a sociedade mais propensa a se tornar massa de manobra para lutar pelos direitos que são benéficos à elite e a classe média, e não as classes baixas. Cria-se pessoas sem consciência de classe.

O Governo Lula deu a possibilidade de pessoas fora da elite financeira e fora da classe média adquirirem capital cultural com acesso a universidades com ensino de qualidade, ato que desafiou a elite e a classe média a unirem forças para tirar o governo petista do poder. União que teve êxito no golpe contra a ex-presidente Dilma em 2016.

O que mostra a força do capital cultural da elite é o fato do golpe de 2016 contra a ex-presidente Dilma também ter sido apoiado por grande parte das camadas mais baixas da sociedade, que foram bombardeadas de noticias a todo momento de quanto a economia estava ruim e o quanto o Governo do PT era corrupto, mesmo quando na verdade estávamos a pleno emprego e também tínhamos escândalos de corrupção de outros partidos. 

A afirmação do Ministro da Educação Ricardo Vélez Rodrígues ‘’as universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual’’ dizem muito sobre a guerra que o PT travou com a elite do dinheiro nos dias de hoje e diz muito sobre a guerra que as camadas mais baixas da sociedade vai ter que lutar com a fome de Bolsonaro pela erradicação da informação e do ensino universitário gratuito e de qualidade. 

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